A Informação Passada a Limpo

A Informação Passada a Limpo

A produção do espaço luziense (A cidade de Manoel Gaia) - Parte final

Por: Jorge Daniel de Sousa e Silva (Jorginho)

Anteriormente, a fixação dos posseiros e colonos ocorria, principalmente, nas margens do rio Caeté por onde era transportada a pequena produção comercializada inicialmente na vila do Tentugal que na época funcionava como uma espécie de entreposto comercial favorecido pela proximidade e navegabilidade do referido rio.
A chegada dos novos colonos e posseiros juntamente com a grande oferta de terras destinadas para o cultivo estimulou o desenvolvimento das atividades agro-pastoris empreendidas nessas áreas, proporcionando o aumento do excedente da produção e a emergência das atividades comerciais centralizadas na vila do Tentugal e, posteriormente, após a abertura da rodovia na vila de Santa Luzia, ambas pertencentes ao município de Ourém.
A dinâmica de integração econômica e espacial juntamente com a inserção da região amazônica na economia nacional, imposta pela divisão territorial do trabalho, constitui-se através da montagem de grandes eixos de circulação rodoviária, exploração extrativa e semi-industrial (grandes projetos) que provocam grandes impáctos no padrão de povoamento da região direcionando o fluxo de capitais, serviços e mão-de-obra dos rios para as margens das rodovias que foram construídas na região.
Desta forma, a abertura dos primeiros picos da Pará-Maranhão serviu de estímulo para a fixação de colonos, posseiros, peões e comerciantes que migraram em busca de melhores oportunidades e facilidades no transporte e circulação de produtos bem como o de serviços centralizados na área que atualmente corresponde a cidade de Santa Luzia do Pará.
Segundo informações e registros de trabalhos anteriores, o primeiro habitante do povoado que na época chamava-se Dr. Tabosa (homenagem ao engenheiro da obra da BR-316 no trcho de Capanema até o rio Gurupi) foi o Sr. Manoel Gaia, retirante nordestino que veio para o Pará no ano de 1956, seguindo os picos da futura BR-316 (rodovia Pará-Maranhão) em plena fase de construção.
O processo de ocupação das áreas citadas aumentou com a instalação do canteiro de obras da rodovia no início de 1958, ampliando o fluxo migratório, a grande penetração e ocupação fundiária favorecendo o desenvolvimento das atividades comerciais cuja demanda era diretamente proporcional ao cultivo de novas terras, ao aumento da produção e ao crescimento da população rural e urbana que iam se fixando, preferencialmente às margens da rodovia.
Desta forma o pequeno povoado também conhecido como Km 47 da Pará-Maranhão e posteriormente denominado Santa Luzia (homenagem à padroeira da vila), espandia-se rapidamente ao longo das margens da BR-316, abrigando um número cada vez mais crescente de famílias, na sua maioria nordestinas, beneficiadas pela oferta de terras e novas oportunidades que associadas com a conclusão da malha rodoviária, em 1972, oferecia pespectivas de futuro, garantindo um certo bem está social da população local, promovendo o alargamento da zona urbana dinamizando a economia local que, relativamente, vai se configurando na condição de importante entreposto comercial e agro-pastoril da região subordinado a uma incipiente rede urbana, compsta pelos núcleos coloniais adjacentes.
Entretanto, o rápido crescimento econômico e demográfico da vila de Santa Luzia, estimulado em grande parte pela abertura da rodovia, era muito limitado pelo município de Ourém que além de temer a concorrência econômica, perda de receitas e possível perda de território, não dispunha de recursos e vontade política capazes de montar uma infraestrutura urbana adequada e uma eficiente rede de serviços públicos necessários para promover o progresso da comunidade satisfazendo os anseios da população da referida vila.
A falta de investimentos públicos capazes de promover o dinamismo sócio-econômico, ocasionando permanente falta de serviços básicos de saúde, educação e saneamento, caracterizando o quadro de completo abandono do poder público do município de Ourém alimentou grande insatisfação na população que foi instrumentalizada pelos líderes político locais a lutar pela emancipação política de Santa Luzia como sendo a solução para os problemas mais urgentes da comunidade.
O desejo emancipatório da população alimentado pelos discursos de forte apelo popular da elite política local foram decisivos e irreversíveis para a separação do município de Ourém e imediata emancipação política da então vila de Santa Luzia que foi sacramentada com um plebiscito realizado no dia 28 de abril de 1991, criando assim o município de santa Luzia do Pará.

Jorge Daniel de Sousa e Silva (Jorginho)
Geógrafo especialista em educação ambiental

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.