A Informação Passada a Limpo

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Eleições em Santa Luzia - apenas uma análise...

Em Santa Luzia do Pará, falar em política, é uma tarefa delicada devido a grande paixão dos luzienses pelos seus respectivos grupos que disputam o poder local, comparando-se a um clássico de futebol entre os dois maiores times paraenses, Remo e Payssandu. Cada eleição é sempre uma disputa acirrada com muitos comentários de ambos os lados onde cada um reivindica a razão para si despertando a rivalidade que já faz parte da cultura desse povo. Mas algumas verdades precisam ser ditas para se fazer uma análise e esclarecer alguns fatos ocorridos nas últimas eleições e a principal delas que se pode observar é o crescimento do desejo de mudança na população, pois esta não aceita mais o continuismo das administrações que se repetem com sucessões de pessoas de um mesmo grupo. Essa tendência teve inicio nas eleições de 2004, quando foi interrompido um ciclo de 12 anos do grupo da direita no poder com a vitória da esquerda que elegeu-se prometendo um "novo jeito de governar" com o apoio de trabalhadores e intelectuais, éticos com o tratamento dos bens públicos e comprometidos com um governo diferente voltado para os anseios dos mais pobres e muitas outras promessas bonitas despejadas às enxurradas visando a conquista do comando dos destinos da cidade.

Daí o que se viu na prática está distante das bravatas e falácias proferidas no calor da disputa num passado recente onde defendiam a ideologia esquerdista que foi esqucida assim que beberam da fonte mágica do poder. O fisiologismo político tomou conta de todas as instâncias da administração passando a atender principalmente interesses próprios dos "comandantes" desencadeando a decepção naqueles que apesar de não serem de esquerda, mesmo assim acreditaram nas promessas e seguiram a estrela vermelha há quatro anos atrás.

Atos incompatíveis com as promessas de outrora como a perseguição de funcionários por não compartilharem com o governo, negociatas envolvendo dinheiro e cargos com integrantes do legislativo para obterem seu controle e o domínio completo do município, o não recebimento do sindicato dos servidores da educação que reivindicavam seus direitos e muitas outras atitudes que não vale a pena enumerá-las mas que é do conhecimento de todos e foram práticas recorrentes nesse governo que permaneceu três anos na inércia absoluta sem nenhuma realização de destaque vindo a despertar somente no último ano transformando a cidade num canteiro-de-obras com fins eleitoreiros, pois todas ou a grande maioria delas, encontram-se paralisadas deixando claros seus objetivos.

O uso da máquina pública foi a grande prática para manter-se no poder com o inicio e promessas de várias obras contando com o conluio do governo do estado que precisou dá uma mãozinha com falsas promessas de obras que beneficiariam a cidade para manter seu pupilo no poder.

Mesmo com tudo isso a oposição, liderada pelo deputado Adamor Aires, o ex prefeito Mico, o empresário Edno Alves e um grupo de comerciantes, soube se articular montando uma grande coalizão unindo as forças políticas mais expressivas do município com o intuito de vencer um adversário comum que até mesmo a população mostrou sinais claros que também o queria destituir.

A dimensão desse fato pode ser verificado através da grande votação alcançada pela oposição, que foi a verdadeira vencedora, utilizando-se apenas do seu discurso coerente com os anseios do povo saiu de uma derrota de 1004 votos em 2004 para uma derrota mal explicada de 69 votos esse ano. Com essa derrota da atual administração na sede pode-se afirmar que a esquerda foi expulsa para o interior, pois a vitória expressiva da oposição na cidade e redutos importantes do interior deixou sinais claros da insatisfação do povo com a atual situação do município.

A oposição saiu fortalecida dessa eleição com a vitória esmagadora obtida na sede e nos colégios eleitorais mais importantes do município derrotando o favoritismo cantado em prosa e verso e o peso da máquina administrativa que funcionou a todo vapor em prol da atual administração que buscava a reeleição. Isso dá um novo ânimo para as próximas disputas eleitorais, já em 2010 para a reeleição do deputado Adamor que é a grande força da direita luziense, e em 2012 os nomes de Mico e Edno terão forte densidade eleitoral.

Foi uma verdadeira guerra de Davi contra Golias, onde tudo fazia-se conspirar contra a oposição que lutou bravamente para consolidar-se como a grande força política para os próximos embates eleitorais, tanto que liderou todas as pesquisas e toda apuração vindo perder na reta final por uma pífia diferença de 69 votos em uma votação confusa numa seção eleitoral instalada numa aldeia indígena onde todos os votos de um total de quase 200 foram para o candidato a prefeito e um único candidato a vereador da situação não sendo computado nenhum voto branco ou nulo causando estranheza em toda a Santa Luzia e até mesmo na justiça eleitoral que abriu investigação para apurar a veracidade do caso.
Aguardemos o desenrolar dos fatos e por enquanto o resultado oficial é esse:

Para Prefeito

LOURO - 13 (PMDB - PDT - PT) - 5.658 votos - 50,31%

MICO - 22 (PR - PTB - PSL - PTC - PSB) - 5.589 votos - 49,69%

Vereadores eleitos

LÚCIA MACHADO - Nº 13456 - PT - 668 votos

LUÍS DOCA - Nº 12345 - PDT - 656 votos

SOCORRO SALDANHA - Nº 22000 - PR - 616 votos

FRANÇO - Nº 22555 - PR - 584 votos

TIÃO OLIVEIRA - Nº 22123 - PR - 563 votos

ROBSON FEDERAL - Nº 13300 - PT - 485 votos

NANDO - Nº 40123 - PSB - 463 votos

PROF. EDSON FARIAS - Nº 13789 - PT - 448 votos

NEGUINHO CÔCO - Nº 15000 - PMDB - 388 votos

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