A Informação Passada a Limpo

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Desemprego assola Nova Esperança do Piriá

Reportagem especial do Diário do Pará, edição de hoje, domingo 26 de abril.

A desempregada Celina Ramos se esforça para segurar as lágrimas enquanto conversa com a equipe de reportagem do DIÁRIO. Em sua família, os três irmãos, um primo e ela mesma, estão sem trabalho desde a primeira segunda-feira deste mês, quando todas as serrarias do município de Nova Esperança do Piriá, onde moram, foram fechadas.

“Vocês tem que falar sobre o que está acontecendo aqui, pra ver se alguém faz alguma coisa”, disse a desempregada à reportagem. Celina representa uma das quase oitocentas famílias de Nova Esperança do Piriá que sobreviviam dos empregos gerados diretamente pelo beneficiamento de madeira ilegal, extraída da reserva indígena do Alto Rio Guamá.

A operação Caapora, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com o apoio de mais sete instituições, já contabiliza 14 serrarias fechadas e mais de cinco mil metros cúbicos de madeira apreendidos. Celina, de 35 anos de idade, trabalhava em uma dessas serrarias há apenas seis meses.

Antes disso, vivia do cultivo da mandioca em sistema de roça e não vê muitas saídas para o desemprego no município, já que as serrarias já representavam uma saída. “Por enquanto, eu e meus irmãos estamos vivendo da aposentadoria da minhamãe, mas se as coisas não melhorarem, a gente vai voltar pra roça”, conta Celina.

Outro desempregado, Francisco Ednoilson, de 26 anos, disse que vai procurar uma alternativa diferente da escolhida por Celina. “Se até mês que vem não tiver alguma coisa pra fazer, vou apertar o prefeito pra ver se ele arranja”, afirma Francisco, que tem uma esposa e três filhos pequenos para sustentar. Os R$ 300 que Francisco ganhava numa serraria, mesmo sendo pouco, fazem muita falta.

“Agora eu ‘tô’ tendo que vender as coisas de casa, ou então trocar. Troquei minha bicicleta numa outra e tirei uma ‘volta’, e assim a gente ‘tá’ levando”, comenta sobre sua situação financeira atual. Quando perguntado sobre o que achava da operação do Ibama, Francisco apenas abaixa a cabeça e deixa escapar um sorriso que não é de alegria, mas de quem não sabe ao certo o que dizer.

N. E.: Leia aqui a reportagem sobre a operação Caapora que fechou as 13 serrarias no município.

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