A Informação Passada a Limpo

A Informação Passada a Limpo

Motorista de ambulância de Santa Luzia fez protestos em Belém para que paciente conduzida por ele recebesse atendimento - no Diário do Pará

A reportagem abaixo [incluindo título e foto] é do jornal "Diário do Pará", edição de hoje 9 de dezembro de 2009, no caderno Pará.

Recém-nascido não tem lugar na Santa Casa

Uma criança de 22 dias que precisava de cirurgia no intestino ficou à espera de atendimento na porta da Santa Casa por cerca de três horas, ontem à tarde. Vindo do município de Santa Luzia do Pará, cidade localizada no nordeste paraense a 200 km da capital, o bebê só foi atendido depois que populares bloquearam o trânsito na rua Bernal do Couto, diante da atitude desesperada do motorista da ambulância, que tentou entrar no hospital carregando o bebê doente no colo.

Nayane Ferreira nasceu prematura. Foi internada em Capanema e, ontem, encaminhada ao Pronto-Socorro Municipal da travessa 14 de Março. Chegando lá, o motorista da ambulância da Prefeitura de Santa Luzia, José Wellington Alexandrino, 26, foi informado que o local de referência para aquele procedimento seria a Santa Casa.

Já na Santa Casa, o motorista foi informado pelos recepcionistas que, por falta de leitos, o hospital não poderia atender a criança. “Na 14 nem sequer um técnico em enfermagem desceu para avaliar a criança, só mandaram a gente pra cá”, disse o motorista. A lavradora Edna Ferreira, 52, avó da criança, se desesperou. “O médico encaminhou minha neta para Belém. Ficamos de lá para cá e ninguém quer atender. Só enxergam gente pobre em tempo de política”, dizia, emocionada. Maria Eunice Ferreira, 20, mãe da criança, não conseguia falar.

Da recepção do hospital, onde não havia energia elétrica, a atendente Roseane Teixeira não conseguia entrar em contato com a gerência do berçário. “Todos os leitos estão ocupados. Não tem como atender aqui”, justificava.

Após duas horas de indefinição, auxiliado por acompanhantes de pacientes do hospital, José Wellington retirou o bebê da ambulância e tentou entrar na Santa Casa, mas foi barrado por seguranças.

O motorista estacionou a ambulância, então, no cruzamento da rua Bernal do Couto com a avenida Generalíssimo Deodoro, bloqueando o trânsito. Sentado no teto do veículo, ele gritava por socorro e exigia providências dos gestores da saúde no Estado. “Essa criança vai morrer em frente à Santa Casa, que é para o Brasil inteiro ver como está a situação da saúde pública no Pará. Andamos 200 quilômetros para sermos barrados aqui”, dizia, apoiado por dezenas de populares que se aglomeraram no local.

Após meia hora, um funcionário do berçário levou a criança, a mãe e a avó para dentro do hospital. O diretor de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde Pública [Sespa], Charles Tocantins, tentou acalmar a fúria dos populares, dizendo que a Santa Casa não havia sido informada sobre o encaminhamento da criança. “Temos uma capacidade física de atendimento. Orientamos todas as unidades do interior que encaminhem recém-nascidos para o hospital de referência, mas que avisem com antecedência”, disse o diretor, informando que será apurado se houve falha no atendimento.

Segundo Tocantins, o transporte da recém-nascida não obedeceu às normas estabelecidas pela Sespa, uma vez que não havia enfermeiro na ambulância. Nayane foi transferida para o Hospital das Clínicas Gaspar Viana, onde passou a noite em observação.

Nota: Para ler a reportagem no site do Diário do Pará, clique aqui.

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