A Informação Passada a Limpo

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Marina e o presidencialismo de coalizão

O retrato da política de hoje deixa os cientistas, blogueiros e comentaristas políticos á beira de um “ataque de nervos”! A complexidade deste momento se dá em função dos cenários até pouco tempo improváveis, dos ingredientes novos, dos personagens envolvidos e, fundamentalmente, da busca de novas formas de representatividade por parte do eleitorado brasileiro que órfão da democracia representativa, hoje se torna protagonista deste processo.

Em alguns momentos, o povo faz a clara opção pela mudança, mas em alguns casos faz escolhas equivocadas e quase sempre o modelo atual não permite que um governante, por mais bem intencionado que seja,  tenha condições institucionais de implementar aquilo que se propôs em palanque.

O nosso modelo de democracia não representa ninguém, pois não permite que o representado tenha a sua vontade expressa após o voto e, não dá condições para que o representante [agente político] possa exercer com liberdade e eficiência as suas prerrogativas.

O petismo Lulista/Dilmista que passou a vida inteira “detonando” os partidos tradicionais [PMDB, PTB, PSDB, DEM, PP...] e os antigos desafetos [demonizados] da política nacional: Sarney, Maluf, Jáder Barbalho, Fernando Collor, Renan Calheiros... Após a chegada ao palácio do Planalto, o PT optou pelo pragmatismo e abandonou completamente suas antigas bandeiras de luta, o discurso ético e moralista, o projeto de nação e a postura Marxista -revolucionária para abraçar o projeto de poder hegemônico que aproximou o PT, lula e Dilma dos antigos desafetos “demônios” e jogou na “vala comum” as cúpulas políticas dos principais partidos políticos do país.

O resultado disso todo mundo conhece: A corrupção, o aparelhamento do Estado, o declínio dos preceitos éticos na composição e preenchimento dos principais cargos públicos, o revigoramento do “toma lá, dá cá...”. Em busca da tal governabilidade, o governo petista mergulhou o país em um mar de lama e fez com que a população em geral perdesse a fé em seus representantes, uma crise de identidade que culminou nas revoltas de Junho de 2013.

A insatisfação da população com os seus representantes chegou á níveis insustentáveis e levou o povo para as ruas, protestar contra tudo e contra quase todos. O movimento de cunho não partidário chamou a atenção para os graves problemas do país, mas também promoveu “um espetáculo de violência” pelo país.

Estava claro que os partidos ditos tradicionais e os políticos que representam essa “forma velha” de fazer política já não expressam a vontade popular. Surge aí, então, e timidamente o fenômeno Marina Silva.

Após o acidente que vitimou fatalmente seu parceiro e candidato Eduardo Campos, Marina Silva conseguiu captar não somente o clima de comoção em torno do falecimento de Eduardo, mas também acrescentar o capital político que já possuía, transformando a candidata do PSB em um tsunami que ameaça acabar com a polarização existente entre PT e PSDB.

A provável vitória de Marina Silva, algo possível, importante e necessária para aprimorar a democracia ao permitir á alternância de poder, traz a inevitável dúvida em relação à futura governabilidade, pois na melhor das hipóteses, o partido de Marina elegerá 50 deputados federais e obrigatoriamente terá que fazer uma coalizão de partidos para governar.

Como diz representar “a nova política” e já afirmou categoricamente que não deseja que os velhos caciques da política brasileira continuem governando os destinos do país, o trabalho de Marina Silva na Presidência da República não será nada fácil, uma vez que essas “velhas raposas” controlam as cúpulas partidárias e suas alianças são pautadas na força da grana, da farta distribuição de cargos públicos e benefícios absurdo$$$  para compor o governo.

Esse é o “calcanhar de Aquiles” do futuro novo governo de Marina Silva! No mais, vejo com bons olhos a possibilidade de acabar com essa polarização que não trás nada de novo á política nacional, seja pela manutenção do velho pacto de promiscuidade que ambos os partidos [PT e PSDB] constroem para manter a governabilidade, pela ausência de um projeto de nação ou ainda pela incapacidade desses partidos em entrar em sintonia com os anseios da população.

Embora não seja uma política profissional com larga experiência no executivo municipal, estadual ou federal, Marina está captando para si o sentimento de mudança e renovação da sociedade brasileira em relação á politica , pois representa os desejos do cidadão comum que busca alguém honesto e comprometido para lhe representar no Comando do país.

Jorge Daniel
[Geógrafo e professor especialista em Educação Ambiental]

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