A Informação Passada a Limpo

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Petrolão - Nestor Cerveró diz que Jader Barbalho recebeu US$ 2 milhões em propina

Com informações do portal de notícias ORM News

O nome do senador Jader Barbalho, do PMDB, surge novamente no âmbito da Operação Lava Jato no depoimento de delação premiada proposto pelo ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, dando conta do pagamento de propina de US$ 15 milhões referentes à negociação da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, dos quais ao menos US$ 2 milhões foram parar, segundo Cerveró, nas mãos de Jader Barbalho e do senador Renan Calheiros, também do PMDB. Ainda segundo Cerveró, também estão envolvidos no esquema os senadores Delcídio Amaral, líder do PT no Senado, e Fernando Collor de Mello, do PTB. As revelações estão em matéria de capa desta semana da Revista Época, a partir do depoimento de uma nova delação premiada de Nestor Cerveró a que a revista teve acesso.

Ele relatou aos procuradores que Fernando Baiano, operador do PMDB também preso pela Lava Jato, representou a bancada do partido no Senado no reparte da propina na Diretoria Internacional da Petrobras – e o dinheiro, ao menos US$ 2 milhões, foi parar nas mãos de Renan e de Jader Barbalho em 2006. Baiano já admitiu aos procuradores que intermediou propina para os senadores do PMDB em contratos na área internacional – a área do parceiro Cerveró. A delação de Baiano, que prometeu entregar comprovantes bancários das propinas, exigirá ainda mais de Cerveró. “Ele fechará a delação somente se falar muito”, diz a revista.

A reportagem da Época remete a um almoço reservado às vésperas das eleições de 2006 em restaurante chique, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, entre três diretores da Petrobras e dois executivos do grupo Odebrecht. Pela Petrobras estavam os diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa e Renato Duque; do lado da Odebrecht, Márcio Faria e Rogério Araújo. A revista lembra que à época os cinco comensais mandavam muito na Petrobras. Renato Duque, diretor de Serviços, era homem do PT. Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento, do PP. E Nestor Cerveró, diretor internacional, do PT e do PMDB. Naquele almoço, Cerveró era o homem de negócios mais importante. Discutiam-se as obras para modernizar a refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, cuja metade das ações fora comprada pela Petrobras meses antes. No jargão do mundo do petróleo, essas obras são conhecidas como ‘revamp’, diz a reportagem.

O custo da reforma estava avaliado em até R$ 4 bilhões e a refinaria “era um novelo de dutos enferrujados, de aparência avermelhada provocada pela oxidação dos metais”. Durante o almoço, diz a revista, decidiu-se que o contrato seria da Odebrecht. Em troca, os executivos da empresa se comprometiam a pagar propina adiantada de R$ 4 milhões à campanha de reeleição de Lula, que desde sexta-feira, 11, é considerado pela Polícia Federal oficialmente suspeito no petrolão.


DESESPERO
As informações dadas por Cerveró aos procuradores da Lava Jato são um relato pormenorizado dos negócios corruptos que tocaram primeiro na Diretoria Internacional da Petrobras, sob ordens do PT e do PMDB, e, a partir de 2008, na Diretoria Financeira da BR Distribuidora, sob ordens do PT e do senador Fernando Collor, do PTB. Cerveró afirma que a compra de Pasadena rendeu US$ 15 milhões em propina. E envolveu no esquema a área internacional, além de outros funcionários da Petrobras, senadores como Delcídio Amaral, do PT, líder do governo no Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros, eo senador Jader Barbalho.

Cerveró reuniu histórias, resgatou datas de reuniões e valores das operações em documentos e anotações que guarda em sua cela. Para corroborar as acusações, a família dele pretende apresentar agendas de suas viagens e reuniões, entre 2003 e 2008, período em que ocupou o cargo de diretor internacional da petroleira. Os documentos estão num cofre, à espera de resposta positiva dos procuradores da Lava Jato. “Do jeito que Cerveró está desesperado, ele entrega até a própria mulher”, diz um agente da Polícia Federal em Curitiba, que tem contato com Cerveró.

Condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, preso há dez meses, Cerveró tenta a delação desde julho. É uma negociação difícil e lenta. Envolve os procuradores da força-tarefa em Curitiba e da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Como Cerveró pode entregar políticos com foro no Supremo Tribunal Federal, caso de Delcídio, Renan e Jader, as duas frentes de investigação – Curitiba e Brasília – precisam se convencer da conveniência da delação do ex-diretor. Há hesitação em ambas. Apesar dos relatos agora revelados por ÉPOCA, os procuradores esperam – exigem – mais de Cerveró. “Ele (Cerveró) continua oferecendo muito pouco perto da gravidade dos crimes que cometeu”, diz um dos investigadores de Curitiba. “A delação de Cerveró, para valer a pena, precisa de tempo. Ele ainda promete menos do que sabe”, afirma um procurador da equipe de Janot.

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