Três estudantes de Santa Luzia do Pará concluem curso na primeira turma de Geografia Agrária do estado do Pará
Iniciada em 2015, a primeira turma de Geografia Agrária do Pronera - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, tinha entre os alunos camponeses, quilombolas e ribeirinhos de vários municípios do estado do Pará, incluindo três de Santa Luzia do Pará: Guibson Oliveira, Andricia Santos e Verônica Galdino.
“Foram 85 jovens defendendo seus trabalhos no prazo exigido pela universidade. Nem um outro curso de Geografia consegue ter um aproveitamento assim”, afirmou Adolfo Oliveira Neto, professor da Faculdade de Geografia e Cartografia da Ufpa - Universidade Federal do Pará, e um dos coordenadores do curso.
Entre os inúmeros desafios enfrentados pelos educandos, destacam-se a falta de bolsas, salas de aulas disponíveis, dinheiro e alojamento, lembra Adolfo: “Em muitos momentos eles pensaram em desistir, mas o trabalho coletivo, a pedagogia da alternância e o acompanhamento dos movimentos sociais, fez com que chegássemos com um número incrível de concluintes”, completou.
A partir do curso, os jovens passaram a se reconhecer ainda mais com o campo e foram desafiados a se organizar em seus territórios e suas comunidades, contrapondo-se aos grandes projetos do capital na Amazônia.
O luziense Guibson Oliveira, destacou o fortalecimento de sua consciência enquanto sujeito amazônico. “As atividades de estudos teóricos e trabalhos extraclasses me fizeram entender melhor nossa realidade e fortalecer minhas raízes com o campo.Hoje entendo que o conhecimento que obtive na universidade precisa estar à serviço de minha comunidade.”, destacou o descendente de remanescentes quilombolas da comunidade da Pimenteira.
Para muitas dessas comunidades essa foi a primeira vez que suas histórias foram temas na comunidade acadêmica. Para a construção dos trabalhos de conclusão, muitas metodologias participativas foram empregadas, como História Oral e Cartografia Social, dando a oportunidade aos educandos entenderem que a História deles pode ser escrita de outra maneira, com mais riqueza teórica e social, dentro de uma universidade.
A turma proporcionou a discussão sobre a Amazônia com a diversidade de seus sujeitos à partir da própria história e de suas vozes. Verônica Galdino, moradora do acampamento Quintino Lira, na comunidade do Pau de Remo, zona rural de Santa Luzia do Pará, tornou-se mãe recentemente e defendeu seu trabalho na escola do acampamento. Onde antes era o barracão dos pistoleiros da fazenda, hoje se organiza a Escola José Valmeristo.
Verônica escreveu sobre a história do acampamento e sua luta de resistência, sendo esta a primeira defesa de TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, de um curso de Geografia realizada em uma área de Reforma Agrária, no estado do Pará. Ela foi a primeira mulher geógrafa a defender um TCC no município de Santa Luzia do Pará dentro de um assentamento da Reforma Agrária.
Ameaçada de morte, a professora de Geografia, formou-se e provou que a luta do movimento não é somente por terra, mas pelo direito à educação para todo o povo. A Câmara Municipal de Santa Luzia do Pará, através de requerimento do vereador Marcos Venício, que também é professor da rede pública municipal, reconheceu o trabalho, entregando à Verônica e sua comunidade um certificado confirmando o feito histórico.
Para Jane Cabral, militante do MST e da Coordenação Político Pedagógica, é necessário reforçar a importância do curso pela identidade amazônica da turma. “A riqueza da diversidade de realidades mostrou para a turma que na Amazônia existem vários sujeitos em luta e que, através da coletividade do estudo, esses educandos poderiam fortalecer a defesa de suas comunidades que são impactadas pelo s projetos do Agronegócio e da Mineração”, destacou.
“Estamos devolvendo às suas comunidades, geógrafos militantes e militantes geógrafos para atuarem nas escolas do campo e nas suas associações em defesa dos seus territórios. O curso ampliou a relação entre os movimentos sociais na Amazônia e com isso acabou fortalecendo a luta dos povos da região” completou Jane.
O curso de Geografia Agrária é composto por duas etapas. A primeira foi a Licenciatura, finalizada em março deste ano; e a turma volta nos meses de julho e agosto para o Bacharelado, concluindo o curso em sua totalidade em janeiro e fevereiro de 2020.
Para o professor e ex-vereador de Santa Luzia do Pará, Edson Farias, que tem fortes ligações e um trabalho voltado para os movimentos sociais e as minorias no município e que acompanha a turma, de modo especial, os concluintes luzienses desde o início do curso, esteve presente na solenidade de formatura e destacou a importância da educação na vida das comunidades ribeirinhas e quilombolas, fortalecendo o vínculo do povo com o seu chão.
“Nesses anos os educandos foram se construindo como sujeitos amazônicos buscando conhecimentos científicos e agora estão retornando para suas comunidades comprometidos profundamente com seus territórios e sua identidade através da Geografia Agrária”, afirmou o ex-parlamentar.
“Foram 85 jovens defendendo seus trabalhos no prazo exigido pela universidade. Nem um outro curso de Geografia consegue ter um aproveitamento assim”, afirmou Adolfo Oliveira Neto, professor da Faculdade de Geografia e Cartografia da Ufpa - Universidade Federal do Pará, e um dos coordenadores do curso.
Entre os inúmeros desafios enfrentados pelos educandos, destacam-se a falta de bolsas, salas de aulas disponíveis, dinheiro e alojamento, lembra Adolfo: “Em muitos momentos eles pensaram em desistir, mas o trabalho coletivo, a pedagogia da alternância e o acompanhamento dos movimentos sociais, fez com que chegássemos com um número incrível de concluintes”, completou.
A partir do curso, os jovens passaram a se reconhecer ainda mais com o campo e foram desafiados a se organizar em seus territórios e suas comunidades, contrapondo-se aos grandes projetos do capital na Amazônia.
O luziense Guibson Oliveira, destacou o fortalecimento de sua consciência enquanto sujeito amazônico. “As atividades de estudos teóricos e trabalhos extraclasses me fizeram entender melhor nossa realidade e fortalecer minhas raízes com o campo.Hoje entendo que o conhecimento que obtive na universidade precisa estar à serviço de minha comunidade.”, destacou o descendente de remanescentes quilombolas da comunidade da Pimenteira.
Para muitas dessas comunidades essa foi a primeira vez que suas histórias foram temas na comunidade acadêmica. Para a construção dos trabalhos de conclusão, muitas metodologias participativas foram empregadas, como História Oral e Cartografia Social, dando a oportunidade aos educandos entenderem que a História deles pode ser escrita de outra maneira, com mais riqueza teórica e social, dentro de uma universidade.
A turma proporcionou a discussão sobre a Amazônia com a diversidade de seus sujeitos à partir da própria história e de suas vozes. Verônica Galdino, moradora do acampamento Quintino Lira, na comunidade do Pau de Remo, zona rural de Santa Luzia do Pará, tornou-se mãe recentemente e defendeu seu trabalho na escola do acampamento. Onde antes era o barracão dos pistoleiros da fazenda, hoje se organiza a Escola José Valmeristo.
Verônica escreveu sobre a história do acampamento e sua luta de resistência, sendo esta a primeira defesa de TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, de um curso de Geografia realizada em uma área de Reforma Agrária, no estado do Pará. Ela foi a primeira mulher geógrafa a defender um TCC no município de Santa Luzia do Pará dentro de um assentamento da Reforma Agrária.
Ameaçada de morte, a professora de Geografia, formou-se e provou que a luta do movimento não é somente por terra, mas pelo direito à educação para todo o povo. A Câmara Municipal de Santa Luzia do Pará, através de requerimento do vereador Marcos Venício, que também é professor da rede pública municipal, reconheceu o trabalho, entregando à Verônica e sua comunidade um certificado confirmando o feito histórico.
Para Jane Cabral, militante do MST e da Coordenação Político Pedagógica, é necessário reforçar a importância do curso pela identidade amazônica da turma. “A riqueza da diversidade de realidades mostrou para a turma que na Amazônia existem vários sujeitos em luta e que, através da coletividade do estudo, esses educandos poderiam fortalecer a defesa de suas comunidades que são impactadas pelo s projetos do Agronegócio e da Mineração”, destacou.
“Estamos devolvendo às suas comunidades, geógrafos militantes e militantes geógrafos para atuarem nas escolas do campo e nas suas associações em defesa dos seus territórios. O curso ampliou a relação entre os movimentos sociais na Amazônia e com isso acabou fortalecendo a luta dos povos da região” completou Jane.
O curso de Geografia Agrária é composto por duas etapas. A primeira foi a Licenciatura, finalizada em março deste ano; e a turma volta nos meses de julho e agosto para o Bacharelado, concluindo o curso em sua totalidade em janeiro e fevereiro de 2020.
Para o professor e ex-vereador de Santa Luzia do Pará, Edson Farias, que tem fortes ligações e um trabalho voltado para os movimentos sociais e as minorias no município e que acompanha a turma, de modo especial, os concluintes luzienses desde o início do curso, esteve presente na solenidade de formatura e destacou a importância da educação na vida das comunidades ribeirinhas e quilombolas, fortalecendo o vínculo do povo com o seu chão.
“Nesses anos os educandos foram se construindo como sujeitos amazônicos buscando conhecimentos científicos e agora estão retornando para suas comunidades comprometidos profundamente com seus territórios e sua identidade através da Geografia Agrária”, afirmou o ex-parlamentar.
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