A Informação Passada a Limpo

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Professora e escritora de Santa Luzia do Pará está na Suíça para lançar seu último livro no famoso Salão do Livro de Genebra

A luziense Joana Veira - escritora e professora de Redação e Língua Portuguesa há 18 anos da rede de colégios Impacto de Belém e do projeto Enem Pro-Paz do governo do estado - está na Suíça desde o início desta semana participando do XXXII Salão do Livro de Genebra, um dos eventos literários mais importantes do planeta que reúne as principais personalidades do seleto clube de intelectuais do mundo, para lançar o seu mais novo livro, um romance que conta uma história de amor proibido entre uma índia e um "homem branco". Joana Vieira está entre os doze escritores selecionados ao redor do mundo para participar de uma homenagem à antológica obra do escritor inglês William Shakespeare, "Sonho de uma noite de Verão", um dos maiores clássicos da literatura mundial.

Trata-se coletânea de obras franco-portuguesas que cria uma nova abordagem para uma das peças teatrais de autoria do mais importante escritor e dramaturgo da Língua Inglesa de todos os tempos. Além de Joana apenas mais dois brasileiros estão entre os escritores selecionados que junto com seis franceses e três portugueses assinam a coletânea que dá uma "roupagem" contemporânea para a comédia escrita por Shakespeare no distante ano de 1590.

Joana Vieira se destaca ainda por ser a única escritora paraense a enveredar pela obra shakespeareana ao escrever a narrativa "Amor de índio" contando a história de amor entre uma nativa amazônica [Ermya Arara] e um engenheiro da Eletrobrás, tendo como pano de fundo a saga vivida pelos índios durante a construção da terceira maior hidrelétrica do mundo, o complexo energético de Belo Monte no sudoeste do Pará, sobre o leito do rio Xingu, próximo ao núcleo urbano do município de Altamira, narrando os conflitos entre índios, quilombolas e ribeirinhos com representantes do governo e do consórcio responsável pela execução projeto.

No enredo, Joana Vieira, ainda narra as ações das comunidades tradicionais da região e movimentos sociais contestando a instalação da usina, dando destaque aos grandes prejuízos causados aos indígenas com a anulação dos seus direitos para garantir os interesses do governo e do capital financeiro, principal fiador do tão propalado PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] que se tornou a vedete da propaganda governista com o falso discurso de levar o desenvolvimento aos quatro cantos do país durante os governos petistas dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff.

Amor de índio aborda uma paixão proibida que nasceu do encontro da recém-formada médica Ermya Arara - neta do senhor Nego, principal liderança da etnia Araras - com um engenheiro enviado pela Eletrobrás para explicar aos indígenas e movimentos sociais as "vantagens" da implantação de uma grande hidrelétrica no meio do rio Xingu. O contato entre "brancos" e índios une o casal pela primeira vez durante uma viagem de avião, que se apaixona desde o primeiro olhar, mas jamais podia imaginar que ambos estavam, literalmente, em lados opostos.

A história é uma recriação da realidade, com contornos shakespeareano, envolvendo personagens reais vistos com o olhar da ficção. O clímax do romance é a fuga do casal para o interior da floresta, que para viver esse grande amor enfrenta grandes desafios impostos pela realidade local atravessando rios, enfrentando animais selvagens e as dificuldades de quem vive na mata, fazendo um paralelo intertextual com as crendices locais envolvendo espíritos, ritos e lendas amazônicas.

Espírito de índio é um texto leve que mistura política e lirismo; questões ambientais e os conflitos de terra; sexo e misticismo; pajelança e medicina; cotas sociais e políticas de desterritorialização; personagens do imaginário popular como Curupira e Matinta Pereira; amor, vingança e ódio; homem branco e indígenas.

"L'amour d'Indien", o título "Amor de índio" traduzido para o francês, será lançado na próxima sexta-feira, 27, durante programação do Salão do Livro de Genebra, na Suíça.

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