A Informação Passada a Limpo

A Informação Passada a Limpo

BRASIL BANDOLEIRO EXPULSA MARINA MORENA.


A ex-ministra do meio ambiente, Marina Silva é uma ativista, portanto em seu adjetivo a raiz da palavra ação. Dada a primeira característica vamos à segunda. Marina tem território e seu território é a Amazônia, assim sendo o seu ativismo junta espaço, cultura, política e humanismo. Sim e meio ambiente. Agora a terceira característica de Marina Silva: ela é o símbolo do desenvolvimento sustentável. Não da inércia da palavra, mas da ação inteligente, racional de que o planeta não suporta a ação dos eternos roedores que nem sabem para que tanto roem.
Lula é um nordestino fugido do subdesenvolvimento que tornou-se operário e enfrentou, na luta trabalhista, o capitalismo e todas as suas faces. Lula ampliou sua privilegiada inteligência com o pensamento paulista, universitário, com as lutas sociais pelo país afora e com a militância política no partido do qual foi fundador.
Agora junte os dois parágrafos acima e temos o problema de hoje, dia 14 de maio de 2008, do governo Lula. Isso contando as comemorações de fazendeiros, madereiros e garimpeiros pela saída de Marina do Meio Ambiente. Comemoram, a rigor, o meio ambiente apenas para si mesmos. Os megaprojetos que impactam a Amazônia estão livres dos "empecilhos" das políticas ambientais e da simbologia da presença de Marina. Como ela mesma disse: perco o pescoço, mas não perco a cabeça. Marina não podia, mesmo que quisesse ser diferente.
Os bandoleiros da civilização brasileira têm presidente, governadores, ministros, juízes, desembargadores, ministros do supremo, deputados e senadores. Os bandoleiros têm mídia, grana para comprar consciências, pistoleiros para executarem inocentes e júri popular para os absolverem. Têm tudo isso, mas não têm a Marina Morena. Vestida como uma indiana que se comunica com os céus com sua a voz sofrida, alerta a todos o que lhes ocorrerá no futuro.
E o governo Lula tem um grande problema difícil de resolver, que ele mesmo procurou: Quem quer que venha ocupar o ministério já virá com a sombra malígna de que abrirá as pernas para interesses imperialistas, que não têm compromisso com o futuro. O governo perde em política, em conteúdo e, por tabela provoca desgastes nos partidos de esquerda e nos movimentos sociais que o apoiam. A questão ambiental é, no atual estágio da civilização, a maior questão do capitalismo. Sem a salvaguarda simbólica de um forte movimento ambiental com reforçado estofo político o governo Lula poderá, pela saída de Marina, pagar um alto preço que esgarce a origem e o futuro do próprio Lula.
Agora ficam claros os problemas de demarcação das terras indígenas, a discussão da inflação dos alimentos, os licenciamentos ambientais, o liberalismo das posições de Mangabeira Unger. Aliás, este secretário, que pensou um dia, pela genialidade que se auto-atribui, completar o que Marx e Weber deixaram pelo caminho, se resume, no meu entender, a mero liberal da costa leste americana, um liberal de Harvard. Pois o liberalismo econômico e a flexibilidade dos direitos sociais estão na raiz dos projetos de futuro do Mangabeira.
Acontece que assim como o ultraliberal Friedman disse que não havia jantar de graça, sabe-se que não existe uma saída de Marina que seja de graça. Isso é que é ideologia de classe e que se resume à equação: padronizar tudo de acordo com os interesses econômicos politicamente predominantes. Padroniza-se se combatendo fortemente a diversidade: ambiental, cultural, política e humana. Por isso pode-se terminar a primeira manhã sem um símbolo de defesa ambiental dizendo-se: vai-se um governo pendular mas não a Marina e tudo que ela representa.

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