A Informação Passada a Limpo

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Periferia, pobreza e voto

Inegavelmente nossa cidade cresceu bastante. A antiga vila do 47 permanece apenas na memória dos mais antigos moradores que viram o povoado fundado pelo retirante nordestino Manoel Gaia se espraiar dos estreitos picos da BR- 316 para paralelamente ocupar os dois lados da rodovia, avançando sobre áreas ocupadas por grandes fazendas que rodeavam o seu sítio urbano.

Asfixiada pelo município mãe [Ourém], Santa Luzia apostou alto na sua autonomia territorial, conseguindo sua emancipação política que serviu de estímulo ao crescimento econômico verificado nas décadas posteriores ao surgimento da nova cidade. O sentimento de euforia e entusiasmo á cerca do progresso do novo município atraiu milhares de pessoas, vindas da própria região e, sobretudo do Nordeste do país.

O crescimento do espaço urbano foi vertiginoso, novas áreas de ocupação foram surgindo, abrigando milhares de pessoas que se deslocaram para cá em busca de uma vida melhor e de um novo lar para criar seus filhos. Porém o processo de urbanização foi bastante desordenado e orientado pela lógica da política, surgindo espaços periféricos que mesmo carentes e mal estruturados rendiam milhares de votos aos políticos demagogos de plantão.

Esse processo de favelização se intensificou nos últimos anos e novas “invasões” foram desenhando, em cores negras, a paisagem urbana da cidade de Santa Luzia. Foi assim que surgiu o Bairro Novo, o Bairro do Mororó, o Bairro do Sr. Rocha e recentemente a ocupação que acontece nas terras do saudoso Heleno Mariano.

Sem sombra de dúvidas esse processo foi benéfico para alguns, principalmente para as famílias de baixa renda que puderam ter um lote pra construir suas moradias. O Problema é que não houve nenhum tipo de planejamento urbano capaz de assegurar uma infraestrutura mínima para a população carente que ocupa essas áreas periféricas. Muitas delas até hoje ainda não tem energia elétrica estabelecida, esgoto, água encanada, ruas pavimentadas. Iluminação pública, coleta de lixo, escolas, postos de saúde ...

Sob a lógica de alguns políticos que apoiam, incentivam e organizam tais “invasões” o que está em jogo não é a qualidade de vida da população que vive nesses bairros, mas sim a possibilidade concreta de tirar benefício próprio e formar seus “currais eleitorais” visando transformar o problema em solução através de uma equação política onde lotes e favores [telhas, aterro, cimento, madeira, areia...] se convertem, facilmente, em votos para os candidatos que ás vésperas das eleições viram gente boa, pessoas populares.

É compreensível o crédito e a confiança dado aos políticos pela população de baixa renda que vive nesses locais, pois, a maioria, além de carente é pouco instruída, um prato cheio para os políticos de ocasião que só aparecem nos períodos eleitorais, prometendo mundos e fundos e desaparecendo logo após o término dos pleitos.

As periferias são esquecidas durante os anos não - eleitorais, mas quando as eleições se aproximam começa a peregrinação de políticos que se apresentam como “salvadores da pátria”, oferecendo favores, solidariedade, levando máquinas pra limpar as ruas, prometendo empregos, caso eleitos, e toda falácia capaz de torná-los bem vistos aos olhos dos eleitores e com isso obter seus preciosos votos. Pura enganação!

O estudo mais rigoroso das estatísticas, dos indicadores socioeconômicos e do IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] das principais comunidades carentes de Santa Luzia, mostram com clareza que essas áreas periféricas viraram enormes “bolsões de miséria”, reproduzindo condições de vida degradantes e expondo seus habitantes á dramas diários e cenas de violência que se propagam em direção ao centro da cidade onde vivem as pessoas de renda mais elevada.

Portanto, o crescimento urbano só faz sentido se trouxer reais benefícios á todos de modo que as pessoas mais carentes possam exercer a cidadania na sua plenitude e não somente nos períodos eleitorais quando os mais pobres passam a ser mais enxergados pelos políticos da nossa cidade por causa dos seus votos.

Jorge Daniel
[Professor, geógrafo especialista em Gestão Ambiental]

2 comentários:

Anônimo disse...

prof Jorge Daniel, concordo em plenamente com vc, os politicos todos se comportam assim, principalmente os oliveira, depois que o mico perdeu´para o apedeuta , ele sumiu, adamor tbm, mas só vejo falar que o Adamor vai ser candidato a prefeito , ai ele aparecerá com cara de salvador da patria.nem um politico prestatodos são iguais

Anônimo disse...

concordo com vc anonimo...politicos são todos iguais...e fui em santa luzia há uns meses o que vi foi um povo que das 15 hs em diante nao tinha mais nada a fazer, todo mundo sentado na calçada...e o prefeito com seu chapéu de palha em sua cabine dupla zerada simulando um acompanhamento da obra...pinta de bandido mesmo...fiquei estupefado com a figura desfilando num carro de mais de cem mil reais e a cidade uma miséria...e ele esta comprando uma concessionária de veiculos...e o cara antes de ser prefeito..era motora de caminhão...so no pará mesmo

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