O povo como protagonista do processo político social
Talvez possa até ser para
alguns, uma analise contraditória dado o momento de crise
em que vivenciamos. Esquecem que também em momentos de crise há condições ideias
para a busca de soluções. Assim podemos
afirmar categoricamente que a jovem e, ainda em construção, democracia
brasileira, já algum tempo, tem dado sinais claros de amadurecimento,
fortalecimento de suas instituições e, sobretudo, de participação popular
participação popular, restrita até pouco tempo ao exercício do voto.
Embora, mergulhada em
constantes crises de representação e de um sistema político anacrônico,
ineficiente e condenado ao obscurantismo, a democracia brasileira dá sinais de
vitalidade. A falência de seu sistema político viciado e de seus representantes
envolvidos em escândalos diários de corrupção tem possibilitado a abertura de espaço
para que o povo assuma o protagonismo político e social da nação.
Essa multidão que foi ás
ruas em junho de 2014 e no último Domingo [15/03/2015] tem consciência da sua
força e da sua capacidade de mobilização e organização. Esse povo está criando
sua própria agenda , enraizando a construção de uma identidade cultural que se
desprende do velho modelo de participação política partidária onde esse povo
era visto apenas como eleitor, tão somente um coadjuvante para torna-se, no
dias atuais, no principal ator político e social diante do qual é
obrigatoriamente ouvido, apesar da surdez e da miopia do palácio do planalto.
O atual cenário parece bastante
confuso, pois há neste movimento apartidário, livre e autônomo, uma
multiplicidade de “tendências” visões que fogem do modelo de organização
tradicional via sindicatos, partidos políticos,lideranças, ONGs... Embora não
haja um objetivo único e uma ação unificada baseada na figura de um político ou
um líder nacional, a força desse povo está no anonimato de seus personagens e
na negação daquilo que é prejudicial ao país como a corrupção, o apadrinhamento
político, o aparelhamento do Estado, a promiscuidade entre o setor público e o
privado, a falência do modelo educacional e de saúde no país. Etc...
Os políticos governistas
encastelados no palácio do planalto foram obrigados a ouvir o “brado
retumbante” de um povo que está envergonhado com o “Mensalão, com o Petrolão” e
outros péssimos exemplos de políticos de não se envergonham em guardar dólares
na cueca, entregar milhões em propinas extraídas de empresas como a Petrobrás,
de políticos que mandam para o exterior [paraísos fiscais] milhões desviados do
povo brasileiro... Enquanto para a educação, para a saúde, para o
saneamento... Não há dinheiro! Por conta disso o povo está nas ruas!
Muitas vezes o governo
tentou taxar o movimento como se fosse de uma oposição partidária que derrotada
nas urnas teria saído para as urnas. A inconsistência dessa avaliação revela
que quem está no poder tem pouco ou quase nenhum compromisso com as vozes das
ruas e com o barulho ensurdecedor das panelas que soam freneticamente toda vez
que a chefe da nação concede uma entrevista. Ora Dilma surge negando a força desse movimento espontâneo,ora
reconhecendo sua legitimidade e seu caráter democrático, ora acusando-o de
golpista.
Assistimos um governo perdido
e confuso diante de um inimigo “invisível”, que tem como armas apenas demandas
legítimas da sociedade que até pouco tempo só podiam ser encaminhadas pelos
partidos, pelos políticos profissionais ou pelos assessores palacianos de
plantão.
Dona Dilma não havia
previsto lutar contra esse povo das ruas e não têm a humildade necessária para juntar-se a eles e combater o bom combate. Para tentar conter a hemorragia expressa na
queda brusca de popularidade, Dilma tem acenado com reformas que jamais fará
não apenas porque não é seu desejo, mas também porque já não reúne força
política para aprovar medidas contrárias aos interesses de sua base “aliada”
que deseja ardentemente manter-se clientelista, fisiologista e atrelada aos
cargos públicos que dá acesso aos suculento$ recurso$ público$.
Perdida como “cego em
tiroteio”, dona Dilma insiste em desviar a atenção da plateia para não discutir
os reais problemas da nação, preferindo adotar discursos vazios, invocar seu
passado de guerrilheira durante a ditadura e outros subterfúgios que lhes possa
ganhar tempo para tentar esfriar o movimento popular. Como não possui existência própria, nem a mesma
habilidade de seu criador [Lula] e a
“criatura” não faz absolutamente nada sem consultar o seu “criador”, o palácio do
planalto vive um momento de incertezas, de paralisia... Enquanto isso o povo brasileiro
engrossa as vozes nas ruas e prepara as panelas para novamente protestar contra
o governo.
Jorge Daniel
Professor, especialista em Educação Ambiental
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