A Informação Passada a Limpo

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Marta Suplicy - senadora e fundadora do PT ao lado de Lula - deixa o partido depois de 33 anos

Do Portal G1

A senadora Marta Suplicy entregou na manhã desta terça-feira, 28, ao diretório municipal do Partido dos Trabalhadores em São Paulo, sua carta de desfiliação à legenda.

Filiada ao PT desde 1981, antes de se eleger para o Senado, Marta foi deputada federal e prefeita de São Paulo. No segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela assumiu o Ministério do Turismo. Marta ficou na pasta até junho de 2008 e se afastou para concorrer à prefeitura de São Paulo, retornando ao Ministério da Cultura na gestão Dilma Rousseff, depois de se eleger senadora em 2010.

Marta adotou uma postura crítica ao executivo federal desde que deixou o primeiro escalão em novembro do ano passado, pouco depois da reeleição de Dilma. Na carta na qual pediu demissão do governo, ela fez críticas indiretas à condução da política econômica no primeiro mandato da petista.

A relação da senadora paulista com a presidente da República ficou conturbada, em 2014, depois que Marta tentou articular nos bastidores a candidatura de Lula ao Palácio do Planalto. Porém, a situação se desgastou de vez quando Dilma nomeou Juca Ferreira para o comando do Ministério da Cultura.

Irritada com a decisão, Marta desferiu duras críticas ao titular da Cultura em uma rede social e enviou para a Controladoria-Geral da União um documento com denúncias relacionadas à primeira gestão de Juca no ministério. Ele já havia ocupado a pasta no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na carta de desfiliação entregue nesta terça, a senadora paulista voltou a criticar a sigla na qual militou nas últimas três décadas. No texto ela afirma que é de “conhecimento público” que o PT tem sido o “protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou.”

Mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver a sua direção nacional. No meu sentir e na percepção de toda a nação, os princípios e o programa partidário do PT nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente”, diz Marta no documento, ao citar que os crimes investigados geram não só “indignação”, mas também um “grande constrangimento”.


 


Mais tarde, Marta publicou um vídeo em seu perfil no Facebook [assista ao vídeo acima] no qual disse, entre outros pontos, que o PT se desviou do caminhou e se contaminou com o poder. A parlamentar disse deixar o partido para continuar seguindo o caminho que ela descreve como sendo de “luta para a justiça social”.

'Isolada'
Em outro trecho da carta de desfiliação, a senadora disse que foi "isolada e estigmatizada" pela direção do PT ao criticar publicamente a legenda. Ela ressaltou, contudo, que os princípios e o programa partidário do PT “nunca foram tão renegados pela própria agremiação”. De acordo com Marta, a sigla se distanciou “completamente” dos fundamentos que levaram a sua fundação.


Ao tentar empenhar-me numa linha de providências, fui isolada e estigmatizada pela direção do partido. Percebi que o Partido dos Trabalhadores não possui mais abertura nem espaço para o diálogo com suas bases e seus filiados dando mostras reiteradas de que não está interessado, ou não tem condições, de resgatar o programa para o qual foi criado, nem tampouco recompor os princípios perdidos”, diz Marta na carta.

Até onde pude, tentei reverter esta situação. Não fui ouvida. Não tenho compromisso com os reiterados desvios programáticos e toda sorte de erros cometidos. Minha atuação como senadora não pode ser isolada. Todo parlamentar precisa de um partido e o partido se expressa por meio de seus representantes eleitos”, complementou a senadora.

'PT muda ou acaba'
Em janeiro, em uma entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Marta Suplicy criticou a presidente da República e lideranças do partido e afirmou que "ou o PT muda ou acaba". 
Na ocasião, ela reconheceu que articulou, no ano passado, a candidatura de Lula no lugar da de Dilma e qualificou o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, de "inimigo".

Há duas semanas, Marta deu parecer contrário a emendas que adiavam para o início de 2016 a entrada em vigor do projeto que renegocia dívidas dos estados e municípios com a União. A iniciativa contrariou os interesses do Palácio do Planalto, indo na contramão do esforço fiscal para reajustar as contas públicas.

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