A Informação Passada a Limpo

A Informação Passada a Limpo

Os bons ventos trazem novas oportunidade

Em parceria com o governo do estado – Simão Jatene - a Prefeitura Municipal de Santa Luzia – administração Adamor Aires e Robson Federal - inaugura na próxima sexta-feira, 29, uma moderna agência do Banpará em Santa Luzia do Pará, a “Terra Querida”, um evento histórico e um sonho antigo da população, da classe política e do setor produtivo luziense.

Por causa do fraco desempenho econômico de nosso jovem município, agravado ao longo tempo, pela precária oferta de serviços públicos e infraestrutura atrofiada em função de sermos uma cidade recém-nascida de um processo de emancipação, Santa Luzia era vista [ainda é] como o “quintal de Capanema”.

É a cidade vizinha que tem consolidado seu papel polo, pois seu dinamismo  criou condições para que “A Terra do Cimento” formasse um arco de influência econômica, cultural e político que abrange mais de 20 [vinte] cidades que involuntariamente drenam para Capanema parte de sua renda/recursos/receita absorvidas pelo comércio, pela extensa rede bancária, pelos supermercados, pelas grandes lojas, casas de shows...

Inegavelmente Capanema também possui uma série de outros serviços [INSS, SEBRAE, SEFA, Receita Federal ...] que atraem a população vizinha e isso acaba prejudicando o desenvolvimento de municípios como Santa Luzia que não está em condições de desperdiçar a pouca renda que ainda lhe resta.

Embora a implantação de um banco seja um grande passo pra Santa Luzia conquistar no futuro um novo patamar de desenvolvimento e bem estar social, por si só o banco não será capaz de proporcionar as condições necessárias para que Santa luzia cresça de forma sustentável. Tão pouco, o poder público será capaz de sozinho plantar e colher os frutos do desenvolvimento. A parceria entre poder público e sociedade é e sempre foi imprescindível para as coisas funcionem bem.

Geograficamente Santa Luzia está bem situada tendo como referência uma Rodovia Federal [BR-316] e um mercado de consumo potencialmente amplo representado pela  influência sobre  outros territórios e pessoas que vivem em algumas localidades de municípios vizinhos como Cachoeira do Piriá, Viseu, Bragança, Ourém e até municípios maranhenses que poderiam deslocar para cá parte de sua população para desfrutar de determinados serviços que eventualmente Santa Luzia possa oferecer como: hospital, bancos, posto do INSS, cooperativas, sindicatos, hotéis, supermercados, indústrias... Isso gera empregos, renda e têm um efeito multiplicativo sobre a economia local. Parece sonho, mas outros municípios provaram que é possível.

Mas estamos preparados para isso? Lamentavelmente, acho que não. A luta política em solo luziense é tão intensa, acirrada e até de certo ponto irracional que os projetos de interesse público não partidário ficam quase sempre em segundo plano.

Nossa produção é insignificante e quase tudo que consumimos vem de fora. Nossa população recebe grande parte de seus salários, pensões, aposentadorias e benefícios governamentais em outros municípios e está culturalmente acostumada a fazer suas compras lá fora, para onde parte de nossa receita acaba migrando e gerando lá os empregos que fazem falta aqui.

Além do mais os representantes do setor produtivo local atuam na lógica da desunião e do interesse pessoal e não coletivo. Nossos comerciantes, agropecuaristas e mini-industriais, profissionais autônomos... ainda não desenvolveram uma visão empreendedora do “mundo dos negócios” e por falta disso às raras oportunidades que surgem não são aproveitadas.

Não temos sequer uma associação comercial pra representar os interesses de quem produz. Outras cidades estão anos-luz à nossa frente e já possuem até Clubes de Dirigentes Lojistas fortes e atuantes que unidos conseguem crédito, qualificação da mão-de-obra, acessoria técnica para elaboração de projetos, legalização de empresas, investimentos públicos e privados em seus municípios...

Emfim, unidos e organizados eles conseguem quase tudo. Portanto, o Banpará, as obras em execução, estudo, planejamento e as futuras intervenções dos poderes público municipal, estadual e federal podem criar um ambiente favorável ao progresso de Santa Luzia, mas se não forem acompanhados pela ação empreendedora da iniciativa privada não será capaz de livrar-nos do colonialismo danoso em relação á Capanema.

Jorge Daniel
[Professor, Geógrafo e Especialista em Educação Ambiental]

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