O Brasil sob a sombra da corrupção
Raramente uso esse espaço que me é gentilmente cedido pelo editor deste conceituado blog [Reinaldo] para falar de política. Não que não goste ou não ache um assunto relevante, mas por ainda achar que nossa sociedade não assimila bem o sentido das críticas, muitas vezes construtivas que expõe a fundo a realidade e os problemas brasileiros e em particular os problemas locais. O debate político é elemento inerente a uma sociedade plural e democrática que se constrói sob a liberdade de pensamento e a liberdade de imprensa, pilares fundamentais do estado de direito pelo qual muitos enfrentaram a ditadura e doaram suas vidas para que hoje tenhamos nossos direitos elementares.
Certa vez o general francês Charles De Gaulle em visita ao país pronunciou uma frase “Este não é um país sério” que expressa com muita propriedade uma realidade que vivemos atualmente. Abrindo as manchetes dos principais jornais de circulação nacional e regional o conteúdo é o mesmo: corrupção, uma prática endêmica, no vocabulário dos cientistas políticos de plantão.
O processo de redemocratização manteve no poder grupos políticos que representavam antigas oligarquias conservadoras que deste o período colonial se revezaram no comando do país mantendo o “velho jeito de governar” baseado no clientelismo, no paternalismo, no voto de cabresto, no patrimonialismo, na troca de favores e no desvio de dinheiro público. Mesmo sem a proteção dos generais da ditadura que governaram o Brasil até a abertura política, as elites regionais continuaram abocanhando fatias suculentas do poder na condição de aliados do governo federal. Assim foi construídos impérios e personalidades da política nacional: Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Jáder Barbalho, Paulo Maluf e tantos outros que escolheram a política para obter poder e dinheiro.
No sentido mais amplo os movimentos de “esquerda” liderados pelo Partido dos Trabalhadores [PT] chegaram ao poder como representantes da moralidade e da ética na política. Milhões de pessoas foram seduzidas pela história e as propostas até então avançadas de um retirante nordestino que depois virou operário, sindicalista e fundador de um partido considerado radical pelas elites, mas que encantava os trabalhadores, a classe média e os intelectuais sob o hino “ Lula lá lá, surge uma estrela...”
Graças as contradições da sociedade e da democracia brasileira o operário virou presidente, chegou ao comando da nação de forma sadia e republicana. Porém, o operário não estava só, ao contrário, se cercou de todos aqueles que considerava corruptos e sinônimos de atraso político para o país, tudo feito em nome de uma tal governabilidade. No poder Lula trouxe de volta as velhas raposas da política nacional que ocuparam pastas e ministérios, os quais foram instrumentalizados para praticar a corrupção e desviar para o bolso de alguns, milhões que muito fez falta para melhorar a vida dos brasileiros. Sob o comando de José Dirceu, o Governo Lula deu início ao aliciamento de parlamentares na câmara e no senado, denunciado em rede nacional de televisão, evidenciou o “esquema do mensalão” que desviou milhões para comprar o apoio de parlamentares em Brasília, um escândalo que ganhou o mundo, manchou a biografia do presidente e expôs o modo petista de governar.
A partir daí as coisas começaram a azedar e o verme da corrupção se instalou definitivamente na antessala do gabinete do presidente, no Palácio do Planalto. Todo dia era um esquema novo e diferente: pagamento de propina, superfaturamento de obras públicas, a compra de dossiês, dólares na cueca... Por falta de habilidade da oposição, pela alta popularidade do presidente e pelo sucesso dos programas sociais, Lula sobreviveu à tempestade e conseguiu eleger a sucessora. Agora passados menos de dez meses do Governo Dilma a situação pouco mudou, na verdade a corrupção até aumentou e produziu uma nova série de escândalos que foram responsáveis pela queda de vários ministros que recorreram à velha prática da gatunagem. Agora a bola da vez é Orlando Silva, ministro dos esportes e responsável pelas obras da copa do mundo e das olimpíadas, investimentos que ultrapassam a exorbitante cifra dos 50 bilhões de dólares, dinheiro muito cobiçado por políticos que se diziam honestos, mas que hoje encabeçam a lista dos novos ricos do país.
Os movimentos sociais hoje estão calados e os estudantes “caras pintadas” capitaneados pelo governo e encastelados na UNE, entidade chapa branca, pelega e cheia de dinheiro, não deu ás caras e por falta de consciência política e senso de organização, a sociedade civil não se pronuncia adequadamente naturalizando os problemas sociais e políticos.
No meio de tanta inércia e sangria há de se destacar o papel da imprensa sem a qual esses escândalos continuariam debaixo do tapete e o magnífico trabalho da polícia federal cuja ação orgulha a sociedade que até hoje acredita que no Brasil só quem vai pra cadeia é ladrão de galinha.
Profº. Jorge Daniel
Certa vez o general francês Charles De Gaulle em visita ao país pronunciou uma frase “Este não é um país sério” que expressa com muita propriedade uma realidade que vivemos atualmente. Abrindo as manchetes dos principais jornais de circulação nacional e regional o conteúdo é o mesmo: corrupção, uma prática endêmica, no vocabulário dos cientistas políticos de plantão.
O processo de redemocratização manteve no poder grupos políticos que representavam antigas oligarquias conservadoras que deste o período colonial se revezaram no comando do país mantendo o “velho jeito de governar” baseado no clientelismo, no paternalismo, no voto de cabresto, no patrimonialismo, na troca de favores e no desvio de dinheiro público. Mesmo sem a proteção dos generais da ditadura que governaram o Brasil até a abertura política, as elites regionais continuaram abocanhando fatias suculentas do poder na condição de aliados do governo federal. Assim foi construídos impérios e personalidades da política nacional: Sarney, Antonio Carlos Magalhães, Jáder Barbalho, Paulo Maluf e tantos outros que escolheram a política para obter poder e dinheiro.
No sentido mais amplo os movimentos de “esquerda” liderados pelo Partido dos Trabalhadores [PT] chegaram ao poder como representantes da moralidade e da ética na política. Milhões de pessoas foram seduzidas pela história e as propostas até então avançadas de um retirante nordestino que depois virou operário, sindicalista e fundador de um partido considerado radical pelas elites, mas que encantava os trabalhadores, a classe média e os intelectuais sob o hino “ Lula lá lá, surge uma estrela...”
Graças as contradições da sociedade e da democracia brasileira o operário virou presidente, chegou ao comando da nação de forma sadia e republicana. Porém, o operário não estava só, ao contrário, se cercou de todos aqueles que considerava corruptos e sinônimos de atraso político para o país, tudo feito em nome de uma tal governabilidade. No poder Lula trouxe de volta as velhas raposas da política nacional que ocuparam pastas e ministérios, os quais foram instrumentalizados para praticar a corrupção e desviar para o bolso de alguns, milhões que muito fez falta para melhorar a vida dos brasileiros. Sob o comando de José Dirceu, o Governo Lula deu início ao aliciamento de parlamentares na câmara e no senado, denunciado em rede nacional de televisão, evidenciou o “esquema do mensalão” que desviou milhões para comprar o apoio de parlamentares em Brasília, um escândalo que ganhou o mundo, manchou a biografia do presidente e expôs o modo petista de governar.
A partir daí as coisas começaram a azedar e o verme da corrupção se instalou definitivamente na antessala do gabinete do presidente, no Palácio do Planalto. Todo dia era um esquema novo e diferente: pagamento de propina, superfaturamento de obras públicas, a compra de dossiês, dólares na cueca... Por falta de habilidade da oposição, pela alta popularidade do presidente e pelo sucesso dos programas sociais, Lula sobreviveu à tempestade e conseguiu eleger a sucessora. Agora passados menos de dez meses do Governo Dilma a situação pouco mudou, na verdade a corrupção até aumentou e produziu uma nova série de escândalos que foram responsáveis pela queda de vários ministros que recorreram à velha prática da gatunagem. Agora a bola da vez é Orlando Silva, ministro dos esportes e responsável pelas obras da copa do mundo e das olimpíadas, investimentos que ultrapassam a exorbitante cifra dos 50 bilhões de dólares, dinheiro muito cobiçado por políticos que se diziam honestos, mas que hoje encabeçam a lista dos novos ricos do país.
Os movimentos sociais hoje estão calados e os estudantes “caras pintadas” capitaneados pelo governo e encastelados na UNE, entidade chapa branca, pelega e cheia de dinheiro, não deu ás caras e por falta de consciência política e senso de organização, a sociedade civil não se pronuncia adequadamente naturalizando os problemas sociais e políticos.
No meio de tanta inércia e sangria há de se destacar o papel da imprensa sem a qual esses escândalos continuariam debaixo do tapete e o magnífico trabalho da polícia federal cuja ação orgulha a sociedade que até hoje acredita que no Brasil só quem vai pra cadeia é ladrão de galinha.
Profº. Jorge Daniel
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