A Informação Passada a Limpo

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Bragança foi a única cidade do Pará a eleger um padre como prefeito


Município não reelegeu nenhum dos atuais vereadores 

Bragança inovou nas eleições municipais deste ano. Foi a única cidade do Pará a eleger um padre para prefeito e não reelegeu nenhum dos atuais vereadores. A população afirma que quer mudanças. João Nelson Pereira Magalhães, aos 41 anos, militante do PT, acredita que representa essa aspiração. Ele deixará a batina um pouco de lado, mas afirma que levará sua experiência pastoral, de engajamento nas lutas sociais, para a prefeitura.
Além do prefeito, o PT conseguiu eleger os vereadores Nonato Santana e Rosa Chagas. Os dois integram o grupo de cinco parlamentares com apoio já garantido à nova administração. Os demais 12 pertencem a partidos de opositores. O PDT fez a maior bancada, elegendo três vereadores. O PHS, o PR, o PSD e o PMDB fizeram dois, cada. O PSDB, o PSL e o PP elegeram um vereador, cada.

Padre Nelson revelou já ter iniciado as conversas com os eleitos para manifestar a vontade de ter um bom relacionamento com o legislativo. "Mas independente", adverte ao explicar que não vai "cair na mesma armadilha" de administrações anteriores. Ele se refere à troca de favores como cargos e secretarias, esquema que predomina no país. Em geral, uma vez beneficiados, os vereadores deixam de cumprir seus papeis legais de fiscalizarem e denunciarem o executivo.

"Não quero brigar. Quero que a Câmara tenha independência. Pode me questionar. Vou dialogar com todos, mas não me submeter. A questão é fazer o trabalho direito para que eles não tenham motivos para me criticar", afirmou.

Com o parlamento estadual e federal, pretende ter maior aproximação, sobretudo a bancada do seu partido. Logo depois da vitória, ele viajou para Brasília para conversar sobre a possibilidade dos deputados incluírem emendas ao orçamento federal para contemplar projetos seus em Bragança. O prefeito eleito disse que só definirá as medidas administrativas emergenciais depois de se inteirar da situação da prefeitura. Isso ocorrerá durante a transição ou quando assumir, a depender das informações fornecidas pela atual administração ainda este ano.

Decisões serão técnicas e a população será ouvida, diz eleito

Padre Nelson quer se cercar de pessoal técnico e ouvir a população para colocar em prática o seu plano de quatro anos. Uma das metas é melhorar a atenção básica na Saúde, criando, por exemplo, pelo menos dez novas unidades do PSF [Programa Saúde da Família]. Concluir a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] - construção paralisada há sete meses -, implantar casas de saúde voltadas à mulher e idoso, disponibilizar uma ambulância para cada uma das quatro macrorregiões [Portos, Treme, Cacoal e Monte Negro] também estão nos seus planos.

No campo do ensino, a criação de creches é apontada como essencial por causa do déficit histórico. Necessidades da atualidade, como escolas com informática e plano de cargos e salários dos trabalhadores da educação completam a lista. Para estimular a economia, pretende investir no cooperativismo. E promete reorganizar a cobrança de taxas dos comerciantes - setor que hoje reclama de valores altos -, além de buscar recursos para construir um novo mercado. No centro comercial da cidade está um grande mercado que, na avaliação do futuro prefeito, precisa ser demolido para a construção de outro, dada a quantidade de problemas. "Para mexer do jeito que está não adianta, só vai criar confusão. É preciso um novo", defende.

Coleta seletiva e reciclagem de lixo permitirão geração de renda

O prefeito eleito de Bragança padre Nelson, desfia um rosário de ações que ajudou a desenvolver nas comunidades enquanto padre e que, agora, o ajudarão a definir o destino da cidade. A coleta seletiva é um exemplo de experiência iniciada na vida pastoral e com chances de se tornar política pública. Segundo padre Nelson, a cooperativa montada em parceria com o grupo Caritas, da Igreja Católica, para a coleta seletiva e reciclagem de lixo, mostrou que é possível investir nesse tipo de iniciativa. Além de levar à redução dos lixões, a medida é valorizada por permitir a geração de renda.

Seu plano é fazer com que a prefeitura faça convênios com as cooperativas e parcerias com as prefeituras dos municípios vizinhos. A ordem é fazer o município cumprir o seu dever de eliminar lixões e reduzir a produção de lixo no País. A experiência da vida pastoral junto a trabalhadores como pescadores e agricultores também o faz definir como meta a atenção a esses segmentos.

Já tendo sido secretário de Pesca por um ano - ele saiu depois que o prefeito à época, Celso Leite, foi cassado -, ele contabiliza ações como formação profissional de trabalhadores, organização coletiva e exploração racional da floresta e de ervas medicinais. "Somos diferentes. Nossas propostas são voltadas para o povo e contam com a participação popular. Minha experiência é no trabalho social e na religiosidade popular".

Fonte: Amazônia 

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