A última chance do Sintepp

Inegavelmente o sinttep já está marcado na história recente do município de Santa Luzia do Pará. Não pelo que faz hoje, mas pela ação espetaculosa de membros do seu alto escalão que no passado [oito anos atrás] tiveram a ousadia de enfrentar o poder público municipal, vestidos de mendigos e maltrapilhos.

Era uma forma criativa e engraçada de protestar! Os maltrapilhos da epóca se diziam defensores da educação, queriam boas escolas, bons salários pros professores, liberdade de opinião, merenda escolar de qualidade, reajustes salariais... Enfim tudo aquilo que, ainda hoje, os professores merecem e necessitam pra desempenhar bem suas atividades em sala de aula.

Na epóca, o governo Nato Costa, já enfraquecido por seus próprios erros e pela ruptura de sua base de apoio e da oposição, não conseguiu resistir ás enormes pressões políticas que se acumularam e como uma onda violenta derrubou seu governo, abrindo espaço para que aqueles mendigos, reunidos em torno do PT, chegassem ao poder. O que de fato acabou acontecendo.

Para eles era um momento mágico, finalmente haviam surgido as oportunidades para que as boas "supostas boas ações" e antigas idéias do passado fossem aplicadas, afinal o governo do PT estava no poder era portanto o momento de fazer uma verdadeira revolução na educação do município. Infelizmente isso não aconteceu, os fatos falam por si: baixos salários, péssimas condições de trabalho nas escolas, salas lotadas, falta de cadeiras, merenda escolar de má qualidade, insignificantes repasses [abono] do Fundeb... Seria decepcionante, se uma parte dos maltrapilhos não estivessem devidamente recompensados e confortavelmente instalados no poder.

Durante esse tempo todo o Sinttep foi, no mínimo omisso e complacente com o governo municipal, esquecendo que embora tenhamos nossas motivações políticas, pertencendo ao sindicato, a missão dos seus filiados e particularmente de seus dieretores é, antes de tudo, lutar pelos professores que representam e não ficar de braços cruzados para não atrapalhar a vida dos companheiros de partido.

Foi assim, defendendo o governo e não os seus legítimos filiados que o Sinttep perdeu a credibilidade, a moral e o apoio de uma parte expressiva de seus filiados que já não se sentem bem representados e desconfiam dos reais propósitos do sindicato que não moveu uma palha pra buscar melhorias para os professores, adotando uma atitude tão subserviente que nem de longe lembra áquele Sinttep dominado por destemidos mendigos e maltrapilhos.

Dia 04/05/2011 se aproxima e mais uma vez haverá a escolha da nova direção do Sinttep. Seria proveitoso se filiados e dirigentes fizessem uma reflexão à cerca do real papel do sinttep, verdadeira sua missão. É uma quetão existencial que precisa ser bem debatida:

- O sinttep foi criado pra servir ao governo ou a classe que diz representar?

Jorge Daniel

[Professor, geógrafo e especilaista em Gestão Ambiental]