Indígenas da etnia Tembé, da reserva Alto Rio Guamá, criaram um grupo de "Guardiões da Floresta" para combater madeireiros e garimpeiros
Índios da etnia Tembé, da Terra Indígena do Alto Rio Guamá - reserva que se estende pelos municípios de Santa Luzia do Pará, Capitão Poço, Garrafão do Norte e Nova Esperança do Piriá, no nordeste do estado - criaram um grupo denominado "Guardiões da Floresta" para combater madeireiros e garimpeiros na região, e passaram a cercar os invasores e exigir a saída deles de sua terras.
No último dia 09, com os rostos pintados e armados, cerca de 40 "guardiões" tembés seguiram em direção a um acampamento de madeireiros na área conhecida como igarapé Ubin, a cerca de 30 km de sua aldeia chamada Tenetehara. Na ação, um grupo de nove madeireiros foi rendido pelos indígenas que os impuseram a sair da reserva. Em iniciativa da organização não governamental WWF, eles também adquiriram calças, camisas, casacos e coturnos como recursos para sua luta.
O cacique Sérgio Mutí Tembé declarou à imprensa que a ação foi um ultimato. Os indígenas confirmaram que estão cansados de esperar por respostas dos governos estadual e federal, e decidiram se organizar sozinhos, declarando que a partir de agora vão começar a queimar equipamentos e destruir os acampamentos dos invasores.
"Nós vamos avisar que é pra sair da terra indígena, para ir embora. Não derrubar a madeira, não explorar nossas riquezas, nossas florestas", disse o cacique Tembé pouco antes do início da fiscalização, e ainda completou: "A luta não é de hoje [contra] a invasão da terra pelos madeireiros, garimpeiros, invasores, várias situações que estamos sofrendo. A gente criou o 'Guardião' para esses rapazes fazerem uma vistoria, onde tem invasão, madeireira, exploração ilegal de madeira".
Além disso, o cacique disse ainda ao grupo de madeireiros que a presença deles nas terras indígenas será denunciada ao Ministério Público, ao Ibama e à Funai, e em seguida reforçou o pedido para que eles abandonassem o local. Em um vídeo, o cacique aproveitou para fazer um apelo ao presidente Jair Bolsonaro, onde dizia: "Bolsonaro, presidente, você tem que ter o respeito com a nossa população indígena. Foi eleito, alguns indígenas, nós votamos em você. Você tem que ter um respeito pela nossa cultura, nossa tradição. Quando vocês chegaram aqui no Brasil, nós já estávamos aqui, você vieram invadir. Então, presidente, tem que ter respeito, junto com seus deputados, senadores, parlamentares. Porque nós somos seres humanos, somos gente e somos brasileiros. Peço para você ter um respeito por nós. Não venha nos massacrar, não venha falar coisa de nós."
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