A Informação Passada a Limpo

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O Pará perde Mestre Verequete, um dos maiores ícones da cultura paraense

Nascido em um lugarejo chamado Careca, próxima da Vila de Quatipuru, no município de Bragança, Augusto Gomes Rodrigues foi para Capanema aos 17 anos e trabalhou como foguista na Usina de Luz por mais de dez anos. Sem dinheiro para comprar um passe e seguir de trem para Belém, foi andando a pé até Ananindeua. Em Belém, trabalhou na Base Aérea. Foi lá que ganhou o apelido, quando se encantou por uma música que conheceu no batuque e que no refrão dizia: "Chama Verequete, ê, ê, ê".

Verequete foi morar em Pinheiro, hoje distrito de Icoaraci, onde criou o grupo O Uirapuru da Amazônia. O primeiro disco foi gravado em 1970, "Carimbó Irapuru do Verequete [Só podia ser]". A partir daí, Verequete não parou mais e foram mais de dez discos lançados. Mesmo com todo o sucesso, inclusive fora do Pará, abandonou a carreira na década de 80 e acusava os produtores de terem lhe passado para trás. Foi quando ele perdeu a vontade de cantar e acabou com o grupo. 'Foi uma fase muito ruim, roubaram muito a gente', recorda-se Cenira, sua companheira nos últimos 30 anos.

O retorno, no entanto, só aconteceria em 1994. Durante esse período Verequete vendeu churrasquinho numa barraca em frente a vila onde mora. Essa foi a fase mais difícil da vida do artista, que reclama nunca ter recebido os direitos autorais de sua obra. "Ele era analfabeto, não lia os contratos que assinava e ficou tudo no nome das gravadoras", explica Cenira.

Apesar da importância tantas vezes ressaltada do músico para o cultura paraense, Verequete viveu grande parte de sua vida enfrentando a miséria. Preso a uma cadeira de rodas desde que foi vítima de um AVC, passou parte dos últimos anos de sua vida num quarto-e-sala alugado numa vila da periferia de Belém se mantendo com um pensão mensal de R$ 900,00 concedida pelo Governo do Estado e uma rede de farmácias oferece R$ 1.000,00 em remédios por mês. A outra fonte de renda era a aposentadoria do INSS, no valor de R$ 465,00.

FONTE: Amazônia Jornal, edição de hoje, 04 de novembro de 2009.

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